Aliança dos Povos “dá a régua e o compasso” para o terceiro dia de Espaço Chico Mendes

O Espaço Chico Mendes e Fundação BB em Belém reafirma a urgência de construir coletivamente um modelo de vida sustentável

A ministra Marina Silva compareceu à solenidade de abertua oficial. Foto: Alexandre Noronha

A Amazônia, nosso território de luta e resistência, mais uma vez se torna palco do debate global na COP30, em Belém, Pará.  A abertura do segundo dia de programação do Espaço Chico Mendes e Fundação BB reforçou que a presença dos povos da floresta na COP30 é legítima e necessária, neste domingo (09).

Kleytton Morais, presidente da Fundação Banco do Brasil, parceira essencial nesta caminhada, expressou que a figura de Chico Mendes transcende o tempo, oferecendo as ferramentas conceituais para guiar a ação: 

“Chico Mendes, ele dá régua e compasso, né, pra gente pensar as questões mundiais”. Ele nos convida a repensar as ações que causam danos e a buscar “outros caminhos para a vida no planeta Terra”.

O Espaço Chico Mendes é, ele próprio, uma construção visionária que materializa esse compromisso e diálogo. É um momento de celebração dos esforços incansáveis dos povos da floresta e da sociedade civil organizada, que apresentam respostas concretas diante das adversidades, como a fome e a insegurança. 

Kleytton Morais, presidente da Fundação Banco do Brasil. Foto: Glauber Maia

Conforme ressalta Kleytton Morais, esta é a base para construirmos um desenvolvimento que nasce a partir dos povos e que não é imposto aos povos, combatendo as distorções que tanto nos prejudicam.

A concretização da luta coletiva

A Secretária Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Edel Moraes, trouxe a emoção da memória e a potência da aliança. 

Ela lembrou que a luta de Chico Mendes é imaterial e coletiva. Ao inaugurar o espaço, ela celebrou a concretização de um sonho pensado e construído coletivamente, que mostra a força dos povos tradicionais e que a semente lançada nos seringais do Acre brotou em outros biomas do Brasil.

Marina e Angela se abraçando no começo da cerimônia. Foto: Eduardo Weiss

O que rolou

Para Edel, o espaço é vital, pois “reafirma a aliança dos povos das comunidades tradicionais”. O terceiro dia de programação, 9 de novembro, foi um grito potente pela “Aliança dos Povos e Economias da Sociobiodiversidade”. Reafirmamos que os Territórios de Uso Coletivo — de Povos Indígenas, Extrativistas e Comunidades Quilombolas — são a verdadeira estratégia central para mitigarmos a crise climática global, apresentando evidências de que são esses espaços os mais eficazes contra o desmatamento. 

Nossa luta por uma economia justa se aprofundou no debate sobre “Carbono, Floresta e Direitos”. Neste painel, debatemos de forma crucial como os mecanismos de financiamento climático, como o REDD+, devem honrar e valorizar os direitos coletivos e garantir a governança territorial pelas mãos dos povos da floresta, promovendo uma transição ecológica justa. 

A emoção da memória nos impulsionou com o painel “Chico Mendes Vive – Legado de Chico Mendes contado por seus companheiros”, um encontro sagrado onde companheiros e companheiras de luta de Chico se reuniram para relembrar sua força e reafirmar nosso sonho coletivo de justiça socioambiental.

A programação intensa conta com o Armazém da Sociobiodiversidade e exposições. O Espaço Chico Mendes e Fundação BB na COP30 é mais do que um evento, é um manifesto dos Povos da Floresta. Ele nos lembra que Chico Mendes vive na voz de todos aqueles que, mesmo cansados, mantêm a resistência.

Como nos ensinou a história dos seringueiros, a nossa vitória depende da nossa organização e disciplina, mas acima de tudo, do pensamento que constrói junto, de forma coletiva. Reafirmamos nosso compromisso com a vida, com a floresta em pé e com o futuro de todos nós. A luta continua em movimento!

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