Populações Tradicionais e o Mercado de Carbono
Debate sobre mercado de carbono destaca papel dos povos da floresta na justiça climática
Belém (PA) — Durante o debate realizado no Espaço Chico Mendes, no Centro de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, o diretor do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), José Ivanildo, defendeu o protagonismo das populações tradicionais na conservação ambiental e na formulação de políticas públicas voltadas à justiça climática.
Morador do PAE Ilha do Gurupaí, Município de Gurupá, no arquipélago do Marajó, Ivanildo ressaltou que a identidade extrativista vai além do seringueiro. Segundo ele, ribeirinhos, pescadores artesanais, marisqueiros, beiradeiros e agricultores familiares também compõem esse grupo, que há décadas luta por reconhecimento e acesso a políticas públicas.
“O mercado de carbono pode ser uma ferramenta de inclusão e geração de renda, desde que respeite os territórios e culturas dos povos tradicionais”, afirmou Ivanildo. Ele defende que os poluidores devem arcar com os custos ambientais, enquanto os povos que preservam a floresta devem ser recompensados.
Apesar do potencial, Ivanildo alertou para os riscos associados à implementação de projetos de carbono, como o assédio a comunidades, a grilagem de terras e a ausência de mecanismos eficazes de compensação. Ele citou o Fundo Amazônia como uma iniciativa promissora, mas que ainda precisa alcançar os verdadeiros guardiões da floresta.
No Pará, está em desenvolvimento uma rede jurídica voltada à proteção dos direitos dos povos tradicionais. “Se bem-sucedida, essa política poderá se tornar referência global”, concluiu.
